PADRÕES - Marcadores de Pedra da História Marítima Portuguesa

 

PADRÕES

 


 O Filatelista Viajante — A História dos Descobrimentos Portugueses em Selos

 

 

PADRÃO

  

O esforço é grande e o homem é pequeno

Eu, Diogo Cão, navegador, deixei

este padrão ao pé do areal moreno

e para deante naveguei.

 

 A alma é divina e a obra é imperfeita.

Este padrão signala ao vento e aos céus

Que, da obra ousada, é minha a parte feita:

O por fazer é só com Deus.

 

E ao immenso e possível oceano

Ensinam estas quinas, que aqui vês,

Que o mar com fim será grego ou romano:

O mar sem fim é portuguez.

 

E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma

E faz a febre em mim de navegar

Só encontrará de Deus na eterna calma

O porto sempre por achar.

 

O poema é extraído de "Mensagem", obra do renomado escritor português Fernando Pessoa. O livro é composto por 44 poemas e é frequentemente chamado de "pequeno livro de poemas". É considerado uma epopeia nacional moderna de Portugal, muitas vezes comparado a "Os Lusíadas" de Luís de Camões. "Mensagem" reflete sobre a história, mitologia e destino de Portugal, combinando habilmente elementos tradicionais e modernos para celebrar o passado e o futuro da nação.

 

Um padrão é um pilar de pedra deixado pelos exploradores marítimos portugueses nos séculos XV e XVI para marcar descobertas significativas e estabelecer primazia e posse. Eram frequentemente colocados em promontórios, cabos ou na foz de grandes rios. Os primeiros marcadores eram simples pilares ou cruzes de madeira, mas deterioravam-se rapidamente no clima tropical. Posteriormente, os padrões passaram a ser esculpidos em pedra, assumindo a forma de um pilar encimado por uma cruz e o brasão real.

Imagem: Cópia do Padrão de Diogo Cão na entrada principal do Palácio de São Bento[1].



Os padrões, conhecidos em português como "padrões", são marcos históricos de pedra utilizados durante a Era dos Descobrimentos por navegadores e exploradores portugueses. Esses monumentos eram geralmente inscritos com o brasão de armas de Portugal e erguidos em vários locais para simbolizar reivindicações territoriais e a presença dos exploradores portugueses.

   

 



Brasão de armas de Portugal

 

    O brasão real português

 

Neste contexto, é claro por que os selos que comemoram a visita do Presidente Óscar Carmona às colónias portuguesas (São Tomé e Príncipe e Angola) apresentam um padrão.

 




Presidente de Portugal, Óscar Carmona

 

 



 


1938 São Tomé e Príncipe e Angola - Visita do Presidente António Óscar


 

1938-1939 — a visita do Presidente Óscar Carmona em África

 

 

Os mais famosos desses marcos foram estabelecidos em regiões como o Brasil, a costa africana e partes da Ásia durante os séculos XV e XVI. Eles simbolizavam o império marítimo português e eram um meio de afirmar soberania e promover a navegação.

 

Diogo Cão ergueu quatro padrões nas costas de África: o primeiro, São Gregório, na margem sul do rio Congo, na sua foz; o segundo, Santo Agostinho, no Cabo do Lobo (Cabo de Santa Maria); o terceiro no Cabo Negro; e o quarto na Serra Parda (Cabo Cross). Além disso, ele esculpiu uma cruz e uma inscrição na rocha perto das Cataratas de Yellala. Bartolomeu Dias deixou três padrões: São Gregório no Penedo das Fontes (Kwaaihoek); São Filipe no Cabo da Boa Esperança; e São Tiago Zebedeu na Ponta do Pedestal (Ponta de Dias). Vasco da Gama ergueu seis padrões, quatro deles em África: São Brás na Baía de Mossel (África do Sul); São Rafael na foz do rio Bons Sinais (Quelimane — foz do Zambeze, Moçambique); Espírito Santo em Malindi; e São Jorge na Ilha de Goa (também conhecida como Ilha de São Jorge, Moçambique).

 

A Sociedade de Geografia de Lisboa conseguiu restaurar, no século XX, três padrões erguidos por Diogo Cão e um por Bartolomeu Dias.

 

O desenho dos padrões muitas vezes incluía uma cruz ou outros símbolos cristãos, refletindo os motivos religiosos por trás de muitas das explorações. Muitas dessas pedras têm um valor histórico significativo, representando a era das explorações e as ambições coloniais iniciais das potências europeias.

 

Hoje, algumas dessas pedras são preservadas como locais de património cultural e servem como importantes lembranças da complexa história de colonização e intercâmbio cultural que ocorreu durante esse período.

 

[1]: O Palácio de São Bento, em Lisboa, é a sede da Assembleia da República Portuguesa, o parlamento de Portugal.

Disponível para aquisição aqui: Padrões



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