No âmbito das comemorações dos 600 anos da descoberta da Madeira, a cidade de Machico afirma-se não apenas como um destino turístico de beleza singular, mas como a pedra fundamental da história madeirense. Foi aqui, na sua baía abrigada, que a epopeia dos Descobrimentos Portugueses começou a ganhar forma, um legado perpetuado pelo Monumento a Tristão Vaz Teixeira.
A Chegada dos Navegadores Portugueses
No ano de 1419, os navegadores portugueses Tristão Vaz Teixeira e João Gonçalves Zarco, ao serviço do Infante D. Henrique, desembarcaram na costa leste da ilha. Acredita-se que o local desse desembarque fundador foi precisamente a enseada onde hoje se ergue a cidade de Machico. Este evento marcou o início oficial do povoamento do arquipélago da Madeira, um marco crucial na expansão marítima portuguesa.
João
Gonçalves Zarco
Tristão Vaz Teixeira
Para celebrar esta figura central na fundação da primeira
povoação da ilha, foi erguido em sua honra o Monumento a Tristão Vaz Teixeira. Localizado no coração de Machico, a
sua presença imponente vai além de uma simples estátua; é um símbolo de
coragem, descoberta e origem. O monumento homenageia não apenas o homem, mas o
feito: a chegada dos primeiros exploradores e a fundação daquela que seria a
sede da primeira Capitania da Madeira, concedida ao próprio Tristão Vaz em
1440.
A Lenda de Roberto Machim: Facto ou Ficção?
Contudo, a história de Machico é envolvida por um véu de romance e mistério que antecede a chegada oficial portuguesa. A Lenda de Machim (ou Robert Machin) conta a história de um jovem casal de amantes ingleses no século XIV. Roberto Machim e Ana de Arfet, fugindo de um casamento arranjado, terão sido surpreendidos por uma violenta tempestade no Canal da Mancha. À deriva no Atlântico, avistaram por fim uma "grande mancha verde" – a ilha da Madeira.
Desembarcaram exaustos na baía de Machico, onde Ana, debilitada, acabou por falecer. Machim, num acesso de dor, terá construído uma cruz de madeira sobre a sua campa antes de, ele próprio, sucumbir à tristeza. Os sobreviventes do naufrágio terão gravado a história na cruz e, eventualmente, resgatados por um navio, espalharam a narrativa.
A lenda afirma que, quando Zarco e Teixeira chegaram em 1419, encontraram os vestígios desta história trágica – incluindo a cruz – e, em homenagem a Machim, batizaram o local de *Machico*. Esta narrativa romântica foi amplamente divulgada nos séculos XVII e XIX, muitas vezes para servir interesses geopolíticos, nomeadamente ingleses, sobre a ilha. Apesar de ser uma tradição popular fascinante e profundamente enraizada na cultura local, carece de fundamentação histórica sólida, sendo a chegada de Zarco e Teixeira o evento documentado e amplamente reconhecido como o descobrimento oficial.
Machico Hoje: O Legado de uma História Rica
Seja qual for a origem do seu nome, Machico é hoje um município vibrante com cerca de 20.000 habitantes, composto por cinco freguesias únicas: Machico, Caniçal, Porto da Cruz, Santo António da Serra e Água de Pena. Cada uma oferece o seu próprio encanto, desde as paisagens magníficas e levadas serenas até à forte ligação ao mar.
O Monumento a Tristão Vaz Teixeira
O monumento
do escultor Luís Paixão, esculpido em betão branco, assume a forma de um
marinheiro do século XV erigindo o PADRÃO português deixado pelos
portugueses ao longo dos territórios ultramarinos que foram sendo ocupados no
decurso do processo das Descobertas. A maquete em bronze encontra-se já patente
no átrio dos Paços do Concelho.
O Monumento
a Tristão Vaz Teixeira permanece como um testemunho silencioso, mas eloquente,
deste passado glorioso. Ele não celebra uma lenda, mas sim a coragem tangible
dos homens que, há mais de seis séculos, pisaram aquela terra e iniciaram uma
nova página na história de Portugal. É um ponto de paragem obrigatória para
qualquer visitante que queira compreender verdadeiramente a alma e a origem da
Ilha da Madeira.
Tristão Vaz Teixeira and João Gonçalves Zarco –
O 600.º Aniversário da Descoberta da Ilha de Porto Santo (Madeira)
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